“Quem deve cuidar dos desfiles é a prefeitura” afirma o editorial do O Globo. NÃO É. Cabe à prefeitura garantir a infraestrutura para realização do desfile, nos limites da competência administrativa do município. Agir assim não só no caso do carnaval, mas com relação a qualquer evento, que seja do interesse da sociedade carioca. Às escolas e à Liesa cabe cuidar dos desfiles e fazer isso com transparência, quando recebe aporte de recursos dos contribuintes.
Defendo que o governo do estado cumpra o papel que lhe cabe, na questão de competência exclusiva – segurança pública – e na garantia de conservação e manutenção do Sambódromo, que deveria sem dificuldades ser privatizado. O governo do estado não tem funcionado nem na competência exclusiva, seja no carnaval, seja no dia a dia da população e menos ainda na manutenção correta do Sambódromo.
Contudo, a prefeitura e o governo do estado podem patrocinar o desfile, se entenderem conveniente e com base na capacidade de investimento de cada um. Mas, tanto um quanto o outro pode, diante de determinadas condições, caso presente, entender que não deve patrocinar. Neste caso, está claro, diante de todos os que tenham bom senso, que a prefeitura do Rio praticamente quebrou antes da mudança de comando.
Portanto, a administração municipal, pela qual não falo mais, esteve, no carnaval, diante de uma situação evidente de escolha de Sofia, porque, para colocar mais dinheiro no patrocínio às Escolas de Samba, a prefeitura precisaria sacrificar outras atividades essenciais para a população. Entendeu o prefeito que deveria patrocinar as escolas de samba com menos.
Esta é a questão de fato.
O desfile das escolas de samba do Rio tem potencial de arrecadação de patrocínios que pode dispensar os recursos públicos, quando não for possível tê-los. É o que eu tenho dito e cito como argumento o que tem sido o Rock In Rio, evento, evidentemente diferente na concepção, mas bem semelhante em resultados para a imagem do Rio. Cito também um projeto do Roberto Medina, Ricardo Amaral e Boni para aproveitar melhor o potencial do desfile no autofinanciamento.
Sobre a intenção atribuída à minha proposta de diminuir o fardo sobre o prefeito, “por conveniências políticas e religiosas”, fico à vontade para entender a leitura como um ato que busca transformar o debate sobre o financiamento do desfile em uma discussão política e de cunho eleitoral. Uma leitura completamente equivocada.
Por: Jackson Vasconcelos