Existe por aqui uma academia para os escritores imortais, a tal Academia Brasileira de Letras. Falta-nos uma para os músicos imortais. O carioca Arthur Moreira Lima seria um dos mais brilhantes músicos imortais. O AMOR PELO RIO presta sua homenagem ao Arthur Moreira Lima, com um momento em que ele executa Carinhoso, de outros dois cariocas, Pixinguinha e Braguinha, que só pela letra da música deveria ter uma Cadeira na ABL.
O pianista Arthur Moreira Lima, um dos grandes nomes da música clássica brasileira, faleceu aos 84 anos na noite de quarta-feira (30) em Florianópolis, Santa Catarina, onde vivia. Diagnosticado com câncer no intestino no ano passado, o músico vinha lutando contra a doença. O velório está marcado para esta quinta-feira (31), no cemitério Jardim da Paz, na capital catarinense.
Reconhecido internacionalmente, Moreira Lima se destacou por interpretações de compositores de renome, como Liszt, Chopin, Prokofiev e Villa-Lobos. Apaixonado pela cultura nacional, ele também popularizou a música brasileira, com registros de Ernesto Nazareth e clássicos do choro e do samba. O pianista acreditava que a música deveria ser acessível a todos, e, a partir da década de 1990, dedicou-se a levar concertos gratuitos para comunidades que raramente tinham acesso a esse tipo de experiência. Tocou em espaços como o Morro da Mangueira e a Favela da Rocinha e, em 2003, lançou o projeto “Um Piano pela Estrada”, percorrendo o Brasil a bordo de um caminhão-teatro. Foram mais de 500 concertos em locais de difícil acesso à cultura.
Arthur Moreira Lima nasceu no Rio de Janeiro, em 1940, e iniciou seus estudos musicais ainda na infância. Seu talento precoce foi logo reconhecido: aos 9 anos, fez o primeiro recital profissional no Theatro da Paz, em Belém (PA). Em sua carreira, venceu o concurso Jovens Solistas da Orquestra Sinfônica Brasileira, consolidando-se como uma revelação. No cenário internacional, atuou ao lado de importantes orquestras, como as filarmônicas de Leningrado, Moscou e Varsóvia, e as sinfônicas de Berlim e Viena. Foi também parceiro de grandes nomes nacionais, como o grupo Época de Ouro e os músicos Paulo Moura e Heraldo do Monte.
O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, lamentou a perda em suas redes sociais: “O Brasil perde Arthur Moreira Lima, um dos maiores pianistas do seu tempo. Um artista que viajou o mundo e dedicou a vida a levar a música clássica a todos os cantos do país, encantando corações e mentes com seu talento único”.
Arthur Moreira Lima deixa um legado de dedicação à música e à inclusão cultural, sendo lembrado como um dos maiores divulgadores da música clássica e brasileira.